Especialmente vulnerável às ameaças de um mercado de tecnologia predatório, o corpo virtualizado é uma ambiguidade entre dois mundos: A liberdade do transitar em um espaço sem dimensões, potencialmente infinito; e a prisão do corpo físico que, ao controlar sua versão digital, cede parte de si mesmo e de sua própria liberdade em uma lida infindável.
Em um contexto histórico onde as informações pessoais são captadas sem restrições por instituições de tecnologia e então constantemente vendidas, trocadas, perdidas e mal utilizadas, é necessário perceber que a relação de gratuidade das redes custa caro, nos tornando não só dependentes das relações nelas criadas e menos presentes como seres humanos, mas também alvos de propagandas ininterruptas, fraudes, fake news e controle de massa.
Assim, as imagens da série buscam capturar a ambiguidade da relação entre os corpos físico e digitais sugerindo que, ainda que estejamos libertos das restrições físicas, estaríamos presos nas restrições virtuais e molestados pelos que as controlam.